revista julho 23

neblina

Nestes dias, estamos acampados na frente de um braço de mar, que fica ao lado do porto de Setubal/Portugal. A vista é deslumbrante, especialmente em dias ensolarados, por causa da cor da água, que, alias, não tem cor, mas reflete um azul profundo, lindíssimo. Fico fixada com meu olhar ao infinito, e, mesmo que a paisagem mude apenas quando passa uma embarcação, poderia ficar horas a fio com esta visão! 

Porém, há dias com muita neblina, e a visão fica completamente limitada. As grandes embarcações com seus contêineres e as balsas, barcos e iates continuam vindo e indo… não entendo nada de navegação, mas sei que,  tanto os grandes navios ou os barcos, estão sendo guiadas pelos equipamentos, gps’s e radares, para que não colidam e continuem seus trajetos.

Fiquei pensando no pequeno pescador, com seu barquinho a remo, sem equipamento algum, sendo guiado apenas pela sua experiência nas águas do mar, suas marés, suas particularidades.

Foi daí que, mesmo sem ver, pude reconhecer que havia um grande navio passando, pois a cada 20 segundos, tocava seu apito grave, bem alto e característico de grandes embarcações.  

Pensei naqueles pequenos pescadores que não saem nestes dias por causa das condições de visibilidade. E também naqueles que tem pequenas embarcações, porém usam seus aparelhos para dar a segurança no trajeto e não precisam confiar no que vêem, mas no que os relógios mostram.

De qualquer forma, sair a fazer o trabalho proposto, é uma decisão pautada na confiança de fazer uma boa navegação. Ou se acredita no que se tem de instrumentos ou na experiência de quem sabe, ou na sua própria, pela quantidade de tempo de exercício.

Então, comecei a fazer uma analogia: fazer o não uma determinada coisa, tem a ver com a paixão pelos equipamentos ou é pela certeza do que precisa ser feito? Na dificuldade de exercício de algum projeto proposto,  lembre-se de Eclesiastes 3: o tempo para tudo. Há tempo para se desenvolver, tempo para buscar ajuda, tempo para acelerar, para buzinar, para olhar a experiência, tempo para olhar os “relógios”. 

Decifrar qual é o tempo certo para executar algum objetivo é fundamental para se seguir adiante. 

Tome o tempo necessário para ir seguro, confiante, cercado de bons aparelhos, mentores com experiência, buzinas e olhos abertos. Mas, não desista. Desistir traz um problema bem maior lá mais adiante: o desacreditar-se de si mesmo. 

Deve-se ir com fé, que não depende de sentimentos, ir com determinação, sem menosprezar-se ou desvalorizar-se por se ser pequeno, ou grande, ou motorizado, ou apenas um barquinho a remo.  

Deixo uma passagem bíblica, nosso relógio mor, de Isaias 40 (que vale a pena ler por completo):

“²⁸ Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento.

²⁹ Dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor.

³⁰ Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os moços certamente cairão;

³¹ Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias, correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão.”

Isaías 40:28-31

E lá na frente, quando menos se espera, a jornada terá chegado ao fim, e você completou o caminho.

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